quinta-feira, 31 de maio de 2012

Curta #3: "Unholy Women - The Inheritance" (Uketsugu Mono, 2006)


Sabem quando a imaginação já não dá para mais? Mas têm mesmo que cumprir aquele prazo ou levar aquele projeto até ao fim? Não faz mal, pode-se sempre reciclar ideias. Que interessa que já se tenha visto a mesma estória não sei quantas vezes antes e melhor? “The Inheritance” é apenas isto. Um filme que herda o cinema de terror que lhe antecede e confia na eficácia das curta-metragens anteriores para manter o espetador colocado ao ecrã.
Após um divórcio que a deixou na penúria, Saeko (Maki Meguro), muda-se para a velha casa da família no campo com o jovem filho Michio (Kenta Suga). O ambiente não é propriamente agradável visto que sua a mãe Masahiko (Ruka Ushida) está um pouco louca e trata mal o neto. Mas é altura de “comer e calar” já que de momento Saeko não tem meios para ir para outro lado. O pequeno Mishio, aborrecido naquela terra no meio do nada explora a casa e descobre a existência de um pequeno que devia ter mais ou menos a sua idade. Era o irmão de Saeko que desapareceu quando ainda eram novos. A sua morte deixou desconforto e talvez por isso, o ambiente familiar não se tenha tornado o melhor. Entretanto, também Saeko começa a explorar e descobre que o passado nem sempre permanece onde deveria.
Uma pista: a herança não é um objeto físico…
“The Inheritance” é um “mistériozinho” sobrenatural previsível, no qual não há susto nem deleite. Não desafia o espetador. É seguro. Para quem não apreciar particularmente o género de terror esta é capaz de ser a curta-metragem mais acessível. Toyoshima não leva a estória até ao limite, não pensa outros modos de tornar as suas mulheres impuras. Provavelmente não há maior pecado que aquele que elas cometem mas os motivos fornecidos são no mínimo vagos. Toyoshima podia ter apostado num ritmo mais elevado para construir um argumento mais sólido. A sua estória não é mais que a de um medo de criança mal explorado pelos adultos. Não há nada de original ou que faça refletir. É facilmente associado a filmes como “Dark Water” ou “The Grudge”. E se o final é desconfortável, quase dá vontade de voltar ao início e ver “Rattle Rattle”, que também não é nada de novo mas sempre é mais intenso! Duas estrelas.


Realização:  Keizuke Toyoshima
Argumento:  Keizuke Toyoshima
Maki Meguro como Saeko Hishikawa
Kenta Suga como Michio Hishikawa
Ruka Ushida como Masahiko Hishikawa

Próximo Filme: "Haunted Changi" (2010)

domingo, 27 de maio de 2012

Pecadilhos das Horas Vagas #5 - "Saga Saw"


Sabem aquele filme que sempre que dá na TV não conseguem desligar-se e vêem até ao fim? Aquele filme que todos acham um pouco parvo mas do qual vocês gostam secretamente? Lembram-se daquele velho filme que está gravado em VHS e não conseguem deitar fora? Ou que já viram tanto que a fita até já está meio estragada? Escrevam um texto, não uma crítica, mas uma confissão, sobre um filme da vossa preferência: o vosso guilty pleasure, sem medos ou censura, um “Pecadilho das Horas Vagas. O confessionário é vosso.

Por: Por: André Marques do Blockbusters


I have a confession to make…. sim é verdade que eu adoro (posso até dizer que sou mesmo fanático) por filmes de terror com serial-killers, e de preferência com um mínimo de inteligência e não do estilo rural americano que matam apenas por matar. Aprecio uma boa história de infância triste e penosa, ou de um acontecimento tenebroso, que tenha digamos ‘lógica’ e mostre ao espectador o assassino como uma pessoa para além de uma máquina de matança pura e simplesmente.



Pronto agora devem estar a pensar: avisem a PJ que temos um potencial serial-killer em Portugal. Não, nada disso. Apenas me intriga e apela aos meus neurónios este tipo de acções e atitudes, assim como o modo como se criaram e moldaram, e falo-vos de filmes como O Silêncio dos Inocentes, Halloween, ou mais recente na TV com a série Dexter. Mas nenhum destes filmes me deslumbrou tanto como quando vi Saw pela primeira vez há já uns bons sete anos atrás, tinha eu 16 anos.


Caiu-me que nem ginja no gosto e desde então que o vi já umas quantas vezes consideráveis e nunca me farto de toda aquele lógica da história e narrativa, de todos os twists e do valor “moral” (com muitas aspas) que o filme transmite e quer mostrar. Depois do primeiro já saíram mais 6 filmes entretanto e eu vejo sempre um atrás do outro já quase como uma obrigatoriedade minha. Claro que nenhum dos outros a seguir foi tão bom como o primeiro (o terceiro foi o segundo melhor na minha opinião), mas isso já não me afecta, pois a droga deste guilty pleasure é já bastante forte, podiam vir mais 10 filmes e podem ter a certeza que eu iria vê-los a todos.

Achei (e continuo a achar) que na altura quando surgiu Saw não havia já muita imaginação nos filmes de terror americanos e este veio como que ressuscitar um interesse maior por esse género, visto o seu argumento trazer algo de novo, e temos de concordar (pois mesmo para quem não gosta: contra factos não há argumentos) que para um filme deste género ter conseguido ter 6 sequelas no mercado cinematográfico de hoje em dia é obra.

Pelos dias de hoje parece que estamos a voltar outra vez a uma certa monotonia neste género, mas espero que surja um novo ‘Saw’ para eu juntar à minha colecção de guilty pleasures :) até lá mantenho-me um dos fiéis seguidores desta saga, e se vier um oitavo podem contar com o meu bilhete :)

Para terminar quero agradecer à FilmPuff pelo convite e dar-lhe os parabéns pela iniciativa e muita força para o excelente trabalho que está a desenvolver no Not a Film Critic. Um bem haja a todos ;)

quinta-feira, 24 de maio de 2012

"Prayer Beads - Omoinotama Nenju (Okano Masahiro 2004) - "Echoes"



Boas ideias há muitas. Agora, quando se fala em concretização… Veja-se o caso da série “Masters of Horror”, tem alguns episódios excelentes e depois tem outros… menos bons. “Prayer Beads” é um conceito nipónico mais antigo. Nove episódios constituem a série, nove contas para um rosário. Por que o nome da série, será algo como contas de reza, contas de um rosário. Ora o que isso tem que ver com os temas explorados é uma consideração só ao nível dos grandes intelectuais que eu só vejo ali tentativas mais ou menos aleatórias de assustar o espectador em meia hora.
Os episódios têm pouca ou nenhuma ligação entre si pelo que a análise deste sétimo episódio – relaxem, é inócua. “Echoes” é a conta número 7, o número da perfeição? Não. Decerto existirão melhores episódios. Um casal de idosos descobre parte do cadáver da neta e parte para a cidade à descoberta do que provocou a sua morte. Desde logo, um gazilião de interrogações: como é que a partir de um membro adivinham que é Yumiko? Como sabem que ela foi assassinada? Como é que encontram logo o rasto dela na cidade? Que pode um casal de velhotes fazer a esse respeito? Não desesperem pelas respostas que elas não tardam em ser apresentadas, embora pareça a meia hora mais longa da vossa vida. Ecos da vida além da morte? Ecos de mentes com uma ligação muito especial?
Infelizmente não causa grande ressonância na nossa própria mente. O sentimento é de tristeza e até indiferença perante tudo quanto sucede. Apesar de uns quantos efeitos engraçados para quebrar a falta de ritmo e de cor. Céus, que fotografia mais desinteressante. Mais que não seja é um pequeno retrato pedagógico sobre o fosso entre a velhice e a juventude. No japão existe uma cultura de reverência e respeito perante os mais velhos, cultura essa que se tem desvanecido perante uma juventude cada vez mais desafiante. E eles, que pouco ou nada sabem, são superiores em termos físicos e zombam das relíquias de um passado onde as suas não se faziam ouvir.
Apenas não esperem demasiado de uma série de televisão com poucos meios. Os efeitos especiais são tão maus quanto parecem e a representação idem. Algures, os actores olham para o horizonte como se o seu olhar quisesse ou tivesse de facto algo para dizer. Uma mentira, visto que o argumento é fraco, vazio de estória disfarçada em diálogos sem consequência e instantes cheios de nada. É diferente, claro. Vale pelo prazer de criticar as opções das séries de baixo orçamento. Mas passado pouco tempo a estória eclipsa-se da memória. Não é memorável, e muito menos faz perder o sono. Talvez seja aconselhada a não fãs de terror. Duas estrelas

Realização:  Naoki Kusumoto
Argumento:  Naoki Kusumoto
Kei Sato
Michino Yokoyama
Takashi Youki
Mieko Konya
Joe Odagiri

Próximo Filme: Curta #3: "Unholy Women -  The Inheritance" (Uketsugu Mono, 2006)

domingo, 20 de maio de 2012

Curta #2: "Unholy Women - Hagane" (2006)

Lá dizia a Capuchinho Vermelho à Avozinha: “Ó avó, mas que grandes olhos tu tens” e “Que orelhas tão grandes”. “Esses braços são grandes! Que boca tão grande tu tens”.  Tudo isto para dizer que se parece com lobo, cheira a lobo e fala como um lobo, provavelmente é! Convenhamos que se uma rapariga tiver umas pernas lindas e um saco na cabeça, isto não augura nada de bom. Mas vamos começar pelo início. Primeiro sinal de alerta, o chefe quer que um subordinado saia à força com a irmã dele, Hagane (Hagane Takahashi). Parem tudo, um chefe a querer que um empregado leve a sua irmãzinha mais nova a sair? Algo não cheira bem. Quer dizer, se pensarmos nas implicações, o pior que pode acontecer é o pobre rapaz ser despedido. Então, por quê? Segundo sinal de alerta, a rapariga surge para o encontro com uma mini-saia e, um saco castanho que a cobre até à cintura. Das duas, uma: ou a moça é feia como a noite dos trovões ou algo de terrivelmente errado se passa. Só que depois o moço vê aquelas pernas e não há como lhe dar a volta. Mikio (Tasuko Emoto) sente um misto de repulsa quando ouve os grunhidos de Hagane e vê coisas estranhas como insectos a sair do saco e, fascinação, acentuada pelas pernas alvas e longas, complementadas por uns apetecíveis saltos altos vermelhos. Um encontro do inferno transforma-se num jogo de sedução estranho, no qual ele corre atrás de algo que o enoja, mas não consegue deixar de perseguir, acicatado pelo desejo de agradar ao chefe. Aliás, que grande mestre do calculismo é o homem que escolhe um jovem virginal que se deseja seduzir por um belo par de gambias e não faz mais perguntas.
É uma crítica engraçada ao homem e à sua capacidade de se deixar levar pelo físico, no caso, apenas da cintura para baixo: “Desde que tenha órgãos sexuais serve”. E no entanto, é contado com seriedade. Não é uma comédia no verdadeiro sentido da palavra. Embora, os momentos em que Hagane desata a correr e choca com objectos ou tropeça e cai no chão sejam hilariantes. Ela sempre tem um saco na cabeça que não a deixa ver nada à frente não é? Mas ela tem um apetite sexual saudável e ele é um moço tímido e educado que não quer desiludir o chefe… Digamos que existe um final feliz, para ambas as partes…
“Hagane” é uma curta bizarra e surpreendente. Suzuki e Yamamoto escreveram um argumento com base na piada urbana do “saco na cabeça”, em alusão às mulheres feias e transformou-a em algo mais. De facto, se calhar existe mais do que uma cara feia por debaixo do saco. E a curta-metragem é tão envolvente que dei por mim a pesquisar para saber se a actriz Nahana era mesmo feia. O cinema tem destas coisas. Confunde-se o imaginário com o real e quando isso sucede, sabemos que estamos perante um bom produto de consumo. Três estrelas e meia.

Realização: Takuji Suzuki
Argumento: Takuji Suzuki e Naoki Yamamoto
Tasuko Emoto como Mikio Sekiguchi
Nahana como Hagane Takahashi
Teruyuki Kagawa como Tetsu Takahashi

Próximo Filme: "Prayer Beads - Episode 7: Echoes" (2004)

Só para que não subsistam duvidas, eis Hagane (Nahana).

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Pecadilhos das Horas Vagas #4 - "Armageddon" ou "O Grande Asteróide de '98"


Sabem aquele filme que sempre que dá na TV não conseguem desligar-se e vêem até ao fim? Aquele filme que todos acham um pouco parvo mas do qual vocês gostam secretamente? Lembram-se daquele velho filme que está gravado em VHS e não conseguem deitar fora? Ou que já viram tanto que a fita até já está meio estragada? Escrevam um texto, não uma crítica, mas uma confissão, sobre um filme da vossa preferência: o vosso guilty pleasure, sem medos ou censura, um “Pecadilho das Horas Vagas. O confessionário é vosso.

Por: João Campos do Viagem a Andrómeda


A Filmpuff pediu-me um texto sobre guilty pleasures no cinema, desafio que aceitei prontamente. O único problema é o seguinte: como é que eu, um fã assumido de mau cinema, posso ter guilty pleasures cinematográficos? Note-se que não falo de filmes maus, como Twilight, mas de maus filmes. E a distinção - inventada neste exacto momento - é relevante. Há filmes maus que são apenas isso - filmes maus, com maus argumentos, maus actores, má fotografia, maus títulos… enfim, percebem a ideia. E há maus filmes que, de tão maus que são, se tornam bons. OK, não exactamente bons, mas, vá lá, interessantes. Veja-se, por exemplo, The Room. Será possível fazer um filme pior que The Room? (Por acaso até é, como Alien vs. Predator nos mostrou, para nosso horror) É difícil superar a pérola realizada, produzida, interpretada e escrita por Tommy Wiseau. No entanto, The Room é um filme imperdível - precisamente por ser tão mau. Admitamos: é preciso um talento extraordinário para fazer algo tão mau sem esforço aparente nesse sentido. Se ainda não viram, esqueçam os blockbusters deste Verão.


E falo de The Room mas poderia muito bem falar de outras pérolas como Troll 2, Pocket Ninjas ou Manos: The Hands of Fate. Não sinto qualquer vergonha por gostar de ver estes filmes. Pelo contrário, tenho até algum orgulho: considerando o risco de hemorragia cerebral, aguentar qualquer um destes filmes na íntegra sem danos cerebrais permanentes é uma proeza quase equivalente a escalar o Kilimanjaro.


Há ainda aqueles filmes que, enfim, deixam muito a desejar mas que são irresistíveis por compensarem com adrenalina e testosterona aquilo que lhes falta em qualidade cinematográfica. Por exemplo, há algumas noites, durante a semana, apanhei o Rambo 3 no Hollywood antes de ir dormir, e acabei por ir para a cama uma hora e meia mais tarde do que o previsto. Missing in Action? Venham eles, que Chuck Norris é sempre high entertainment. Steven Seagall a fazer de cozinheiro após se ter reformado da Delta Force? Porreiro, ele leva a faca, eu levo as pipocas. E os filmes do Van Damme? O argumento é sempre o mesmo, e acabam sempre da mesma maneira - mas é impossível não os ver quando os apanhamos em zapping. É como se as pilhas do comando falhassem de repente, se o dia de Sol radiante rebentasse em aguaceiros e se todas as tarefas domésticas, académicas ou profissionais que tenhamos para fazer se tornem irrelevantes.
Escusado será dizer que aguardo The Expendables 2 com uma ansiedade quase idêntica à de The Dark Knight Rises. Ainda que por motivos diferentes.

Adiante, que a prosa vai longa, e convém passar ao tema deste artigo. De todos os filmes mauzinhos que eu vejo sempre que o apanho na televisão, há um de que gosto especialmente. Não é exactamente um guilty pleasure, pois não me sinto culpado por me divertir à brava a vê-lo, mas considerando o tema, creio ser o mais apropriado: Armageddon. Ponto prévio: detesto o Michael "Explosions! More Explosions" Bay e tudo aquilo que ele representa - a primazia dos efeitos especiais sobre quaisquer outros atributos cinematográficos, nomeadamente as interpretações e o argumento (que, só por acaso, até são os dois elementos mais importantes de um filme), a objectificação da mulher, a destruição metódica de ícones da infância. Não vi nenhum dos seus filmes recentes e não tenciono fazê-lo num futuro próximo, mesmo que o homem continue a mandar sequelas dos Transformers a cada dois anos ou que faça do próximo filme das Tartarugas Ninja um petisco de cágado à lagareiro. No entanto, Armageddon é um filme… especial. Ainda há dias o revi todinho, quando o apanhei a começar numa sessão de zapping. Que maravilha. O filme é lamechas? Sim. Terrivelmente lamechas, com os Aerosmith a tentar roubar a taça de banda sonora mais pirosa da década de 90 à Céline Dion. Centra-se imenso nos efeitos especiais? Sim - basicamente, tudo no filme é um pretexto para explosões, de Paris e Shangai à estação espacial MIR e, claro, ao asteróide que está em rota de colisão com a Terra. O argumento tem mais clichés do que, enfim, um dicionário de clichés? Sim. Há o pai que quer melhor para a filha e não quer que ela case com quem ela quer casar, há o desastre iminente que só os americanos podem salvar, há o comic-relief estrangeiro, há a gaja boa, há o sacrifício, há (por duas vezes!) o momento clássico da bomba detonada ou não detonada no último momento possível, há o momento a puxar a lagriminha, há o voo dos caças norte-americanos quando o vaivém regressa, há a omnipresente bandeira dos EUA… e poderia continuar. Há maus actores? Tem um dos maiores canastrões do cinema actual: Ben Affleck, provavelmente o único homem (excluindo Tommy Wiseau) que faz o Keanu Reeves merecer um Óscar. Claro qeu também há o Bruce Willis, e o Bruce Willis é sempre excelente (o resto do elenco não é mau), mas nem o melhor Willis consegue apagar a nódoa dramática que é Affleck.
Acontece que é justamente aquí que reside o grande enigma de Armageddon: por que carga de água o Bruce Willis se sacrificou para assegurar que Ben Affleck regressava à Terra são e salvo para se alapar à sua filhota? A sério, que raio de pai é aquele? Mais: que raio de Bruce Willis é aquele? O Bruce Willis de Die Hard teria amarrado Ben Affleck ao asteróide e fugido dali antes daquilo rebentar - soltando um sonoro "Yippee-ki-yay, motherfucker", voltando para a Terra para consolar a inconsolável filhota e apresentá-la, sei lá, a um actor a sério (caramba: até o Steve Buscemi servia). Mas não: Armageddon é lamechas, e por isso Willis teve de ficar pendurado num asteróide enquanto Affleck regressava à Terra a pensar nas maminhas da Liv Tyler. Boring.


No fundo, eu acho que continuo a ver o filme na esperança de apanhar um final diferente em que Willis de facto deixe Affleck no asteróide, e resolva dois grandes problemas de uma vez só.
Claro que, lamechices à parte, o filme tem uma coisa digna de nota - e, curiosamente, de nota máxima. Falo, obviamente, do personagem Lev Andropov, interpretado por Peter Stormare. Lev é sem dúvida uma das personagens mais divertidas que já vi em blockbusters medíocres. A sério: desde o momento em que aparece, na estação espacial, e diz num sotaque russo exageradíssimo "I'm not going anywhere" que sabemos estar a preparar-se alguma coisa muito especial, e Stormare não desilude. Da primeira à última cena, Lev Andropov salva Armageddon da destruição total (pun intended) e arranca-nos uma gargalhada com o seu humor deadpan e com a caricatura da sua própria personagem, num franco overacting de Stormare. Basta ver qualquer cena com Lev - são todas excelentes, e enquanto temos o homem no ecrã até conseguimos esquecer o canastrão que invariavelmente surge na cena seguinte.


Em resumo: Armageddon é o filme típico de Michael Bay, e não fosse pelo Lev Andropov - e, vá lá, pelo Bruce Willis -, não mereceria ser visto. Dentro do género de filme catástrofe, há que reconhecer que Deep Impact, do mesmo ano e com um tema parecido, é incomparavelmente superior. No entanto, Armageddon é um dos meus filmes mauzinhos preferidos. Deste, e já que a coisa está na moda, quero remake. Com Affleck pendurado no raio do asteróide, se faz favor.


Mil agradecimentos João. Reafirmo, (desta vez, publicamente), que quando for grande quero escrever como tu!
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