No que diz respeito ao enredo, Khalisa é uma jovem que está a sofrer com a morte do seu noivo num terrível acidente. O tempo passa e os seus pais e amigos ficam preocupados com a sua incapacidade de ultrapassar o que aconteceu. A somar à tragédia, ela começa a ter sonhos que a atraem para a sua terra natal, uma aldeia em nada semelhante a Kuala Lumpur. Juntamente, com a sua cúmplice e amiga Isabella (Faezah Elai), Khalisa decide regressar para descobrir a razão dos seus sonhos e aprender a lidar com a morte do noivo. Lá, Khalisa irá deparar com a má recepção dos locais e com um antigo segredo de família que a liga a um rapaz estranho chamado Arman. Quando digo estranho não estou a brincar. Arman tem olheiras de quem não dorme há muitas luas, além de que não é muito educado. Confesso que de início até pensei que fosse mudo. Um simples "olá" e "adeus" bastavam, ok?
No seu percurso Khalisa irá lidar com presenças sobrenaturais, histórias de família antigas e criar novos afectos. A cena musical pseudo-romântica é das coisas mais incidentalmente cheesy que já vi. Como que retirada a papel químico de uma novela. Totalmente desnecessária. A simples demonstração das imagens seria suficiente para montarmos um cenário romântico. Também adoro o facto da espécie masculina ser sempre tão dotada nas artes marciais nos filmes asiáticos. É quase um requisito. Intimidante não é? A história vai-se mantendo ainda interessante, com um bom rítmo intercalado com cenas fantásticas da natureza que envolve os personagens. Temos mesmo aquele feel da "pequena povoação remota envolvida por uma paisagem selvagem".
Adicionalmente, fiz um esforço consciente para não ser demasiadamente crítica com "Senjakala" porque se há grandes produções que cometem erros imbecis, não é justo julgar quem comete os mesmos erros por falta de capacidade para mais. A dobragem das vozes, por exemplo, não está perfeita mas não é nada que se torne incomodativo. Já os sons que supostamente representam "coisas que não são deste mundo", não são os melhores, chegando a ser irritantes. A caracterização dos personagens também é fraquinha. Gostaria mesmo de saber qual é a marca do batom que Arman utiliza em todo o filme. E duvido que pretendessem que a caracterização dos seres sobrenaturais fizesse rir. A certa altura, uma personagem desaparece e a actriz principal nem sequer se apercebe disso. Pelo menos, não lhe atribui importância nenhuma, nem questiona por ela. Era suposto que se tivesse ido embora? Aconteceu-lhe algo? Vem a verificar-se que não mas se têm explicado antes escusava de me distrair da acção principal. Por fim, o teor religioso não satisfaz. Não é que tenha problemas de religião e metafísicos, só que teria preferido uma solução mais imaginativa para o desfecho. Em última análise, "Senjakala" entretém. Não tenta ser mais do que é e tem uma história audience friendly, relativamente bem estruturada. Fiquei com vontade de ter uma nova experiência cinematográfica malaia. Como tal, recebe duas muito simpáticas estrelas.
Realização: Ahmad Idham
Argumento: Shariman Shafie e Ahmad Idham
Elenco:
Liyana Jasmay como Khalisa
Zahiril Adzim como Arman
Faezah Elai como Isabella
Aida Aris como Mazidah
Ruminah Sidek como Avó Maimun
Próximo Filme: "Kung Fu Panda 2", 2011
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