“Imprint”, tendo apenas um episódio de uma hora apresenta valores de produção altíssimos, mais até que muitas longas-metragens. A caracterização subtil, o guarda-roupa sumptuoso e a maquilhagem têm nota 10. Também o gore acaba por ter uma subtileza inquietante. Infelizmente, “Imprint” também tem os seus problemas. A representação é na generalidade péssima. Entre o overacting de alguns actores e o sotaque de outros – o elenco é japonês – o filme desce uns bons furos em qualidade. Que me perdoem os fãs de Billy Drago (Christopher) cuja actuação é horrenda. Drago é um excelente vilão. Ele encarna o vilão contido, o vilão louco e o vilão sádico como ninguém e, nesse campo, ninguém o bate. Ele sabe utilizar a sua teatralidade natural e aplicá-la às personagens só que noutro registo. O herói apaixonado lamento, não lhe fica bem. Ele interpreta Christopher, um jornalista que viaja pelo Japão à procura da sua amada Komomo (Michie Ito), a quem prometeu levar para a América. Na sua busca, Christopher vai parar a uma ilha maldita, de demónios e prostitutas, onde conhece uma mulher desfigurada que lhe diz que Komomo se suicidou. A mulher é interpretada por Youki Kudoh que é uma das poucas actrizes japonesas a dominar o guião e a proferir o discurso num inglês e dicção quase perfeitos. Algures lá no meio surge um monge que é demasiado mau para ser verdade. Note-se que ele se limita a repetir as sílabas foneticamente. Como é possível?
O argumento é igualmente fraco. A história não é facilmente perceptível e preocupam-me as motivações de Christopher e de Komomo. Sobretudo esta última que se agarra ao sonho de que o seu amado a vá buscar, a ela, de entre tantas, uma prostituta. Não existe uma backstory que indique como se conheceram ou se amaram e como ficou a ligação tão forte que explique que ele atravesse mares para a ir buscar… Questiono-me se não seria mais eficaz um argumento mais sólido com um registo mais contido. Miike não tinha de mostrar todos os truques que tinha na manga. Recorde-se que na altura em que rodou este episódio, Miike ainda era recordado como o realizador do filme de culto “Audição” (1999) e talvez tenha sentido necessidade de se afirmar. Isto não era de todo necessário. Só no ano passado lançou o aclamadíssimo “Thirteen Assassins”. Com certeza, outros bons filmes virão. Mas como ia dizendo, saiu-lhe o tiro pela culatra e ficámos com um filme japonês, falado em inglês que (na altura) ninguém acabou por ver! O resultado é uma bizarria perturbadora. Analisando “Imprint” do ponto de vista do gore provavelmente atribuiria uma classificação de 5 estrelas. Ora, como tem tantos outros aspectos imperfeitos “Imprint” recebe apenas duas estrelas.
Realização: Takashi Miike
Argumento: Mike Garris, Daisuke Tengan e Shimako Iwai
Youkie Kudoh como Mulher
Michie Ito como Komomo
Billy Drago como Christopher
PS: Os DVDs da série já estão disponíveis em Portugal mas se pretenderem também podem adquirir a primeira temporada (volumes I e II) aqui
Próximo Filme: "The Detective" (C+ jing taam, 2007)Argumento: Mike Garris, Daisuke Tengan e Shimako Iwai
Youkie Kudoh como Mulher
Michie Ito como Komomo
Billy Drago como Christopher
PS: Os DVDs da série já estão disponíveis em Portugal mas se pretenderem também podem adquirir a primeira temporada (volumes I e II) aqui
Sem comentários:
Enviar um comentário