Na lista de coisas que m’atormentam em “One missed call 2”, o modo como o adjectivar, não é das menores. Existirá adjectivo que consiga albergar todo o potencial dissipado neste filme?
Se o primeiro filme não era brilhante e, ele obra de Miike pelo menos não comprometeu. Há ínfimos exemplos de experiências cinematográficas de pseudo-terror inferiores. Mas o caminho estava traçado e “One missed call 2” apenas necessitava de um golpe de génio já que a premissa por si só era fantástica: “jovens recebem chamadas de si próprios vindas do futuro, nas quais conseguem ouvir a sua própria morte”. A benção do primeiro filme, em todo o seu absurdo esplendor, o reconhecimento do mundo dos espíritos através da transmissão televisionada de uma morte, foi abandonada. Como mais uma notícia, ao sabor da agenda dos que mandam nos media, tal revelação é esquecida, uma ninharia. Todas as respostas que tantas pessoas, em todo o mundo procuram são assim, algo de secundário. Ao invés de brincar com a nova realidade, o par de argumentistas retrocede e torna a “chamada perdida” novamente, um segredo. Pior, há mais do que um fantasma a utilizar a tecnologia. Estes espíritos de hoje em dia…
Estão a ver com faço uns olhos esbugalhados na perfeição? |
Claro que eventualmente retornam à fórmula mais que vista, a imitação sem-vergonha e, por vezes na mesma cena de filmes anteriores. Houve uma cena em particular que levará muitos espectadores a questionar-se onde é que já viram aquilo antes. Eu respondo: Ju-on e Ringu.
E com a alusão a este último filme que tenho de me perguntar se a mulher comum não possui um único neurónio decente. Só as jornalistas é que são inquisitivas, inteligentes e destemidas? Por favor deixem-me dar mais exemplos, “The House” (2007, Tailândia), “Phone” (2002, Coreia do Sul). Se as actrizes até se safam invariavelmente bem, começa a tornar-se cansativo o esterótipo “repórter demasiado esperta para ser próprio bem”.
Parece que estou no filme errado... |
Enfim, “One missed call 2” torna-se trágico a cada minuto que passa, com revelações cada vez mais improváveis a casa esquina… Nem as mortes são “dignas”, ocorrem fora do ecrã. Seria de pensar que quem teve a coragem de filmar a sequela de um filme com tanto sucesso não fosse tão cobarde na sua execução. Duas estrelas.
Realização: Renpei Tsukamoto
Argumento: Jae-shik Park
Mimura como Kyoko
Asaka Seto como Takako
Chisun como Madoka
Hisashi Yoshikawa como Naoto
Próximo Filme: " A Tale of Two Sisters" (Janghwa, Hongryeon, 2003)
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