quinta-feira, 8 de agosto de 2013

"Swing Girls" (Suwingu Gāruzu, 2004)


Um conto de raparigas preguiçosas, rebeldes e em alguns casos delinquentes que se viram para o Swing. Entenda-se do jazz e não do divertimento para adultos. E este é um blogue sério. Não há cá dessas coisas. Excepto aqui e aqui.

“Swing Girls”, supostamente baseada em factos reais (não são sempre?), inicia-se com o desencantamento de uma adolescente Tomoko (Juri Ueno) que descobre durante a escola de Verão o gosto pelo jazz e depois tenta, por meios próprios, prolongar e aperfeiçoar a experiência. Ok, não é assim tão linear: quem não optaria por visitas de estudo com a banda ao invés de aulas de matemática? Pelo caminho, Tomoko recruta amigos como Yoshie (Shihori Kanjiya), Sekiguchi (Yukia Motokariya) e Nakamura (Yuta Hiraoka), todos eles a atravessar a fase do desabrochar na adolescência. Um acto irreflectido de rebelião resulta numa pequena revolução quando a Tomoko que nunca leva nenhum empreendimento até ao fim, percebe que está rodeada de uma dezena de raparigas também elas à espera de algo que as faça romper com o aborrecimento. Assim, as raparigas da recém-formada banda de swing da escola que nem sequer sabiam tocar um instrumento decidem, habilmente empurradas pela líder nata Tomoko, entrar num concurso de bandas escolares. O seu mentor trapalhão é o professor Ozawa (Naoto Takenaka). Se viram “Waterboys”, não estranhem a sensação de déjà vu, Takenaka está mesmo a repetir o papel. Quando já se fez um gazilião de filmes e se interpretou tudo quanto existe, o que é repetir um personagem?

Se há coisa de que podem acusar “Swing Girls” é de ser previsível. As piadas são percepcionadas a quilómetros de distância, mas nunca caiem no erro da rudez ou do impróprio. Shinobu Yaguchi, que também escreveu o argumento de “Waterboys” e Junko Yaguchi têm sensibilidade suficiente para atingir jovens adolescentes sem os tratar como mentecaptos (inserir piada com o Adam Sandler) ou recorrer à vulgaridade fácil (inserir nova piada com o Adam Sandler). Os momentos musicais, (qualquer desculpa é boa para ouvir Glen Miller), têm a benesse de a equipa de actores ter aprendido a tocar instrumentos para desempenhar o papel. Tanto que após o tremendo sucesso de bilheteira fizeram uma digressão mundial onde tocaram os temas do filme. “Swing Girls” também é ajudado pelo facto de os jovens actores serem, na maioria naturais e demonstrarem potencial. Não é por acaso que os quatro jovens actores principais apresentam carreiras tanto prolíficas como premiadas.
“Swing Girls” faz pelo jazz o que “Waterboys”, fez três anos antes pela natação artística. Realizado em 2004, podia ter sido rodado este ano. A alienação da juventude é um dos grandes problemas do século XXI. Há muitas, demasiadas ocupações, no entanto, muitos jovens optam por permanecer em casa a ver televisão ou presos ao computador. Parece não existir paixão. E se existe, ela encontra-se enterrada debaixo de camadas de possibilidades. Há material mais do que suficiente para que todos os anos surja uma película com a mesma temática: rapazes que aprendem a costurar, raparigas que se dedicam ao kickboxing… e pelo caminho aprendem aquilo que adoram fazer na vida. A imaginação é o limite. Três estrelas.

Realização: Shinobi Yaguchi
Argumento: Shinobi Yaguchi e Junko Yaguchi
Juri Ueno como Tomoko
Yuta Hiraoka como Nakamura
Shihori Kanjiya como Yoshie Saito
Yuika Motokariya como Kaori Sekiguchi
Naoto Takenaka como Ozawa

Próximo Filme: “Tiyanaks”, 2007

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